Translate this weblog

24 de janeiro de 2010

Identidade

Vanessa Cesário
A questão do ser. A questão do indivíduo. A questão da identidade. Eu e todos vocês somos seres humanos com passado, presente e futuro. Cada um tem um passado individualmente diferente, mas um passado colectivo igual (passado nacional) o que nos reflecte para a busca de identidade. Somos diferentes mas iguais.

Identidade designa-se por um misto de caracteres próprios e individuais com os quais se podem caracterizar pessoas, animais e objectos uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer pelas suas semelhanças. Deste modo, podemos classificar a palavra "identidade" em dois tipos: a identidade de grupo (familiar, grupo desportivo…) e, identidade de grupo-nação, sendo esta considerada o melhor grupo da identidade por Fernando Pessoa, pois é o único grupo que nos dá a liberdade de sermos nós.
Assim sendo, considero-me portuguesa. Com orgulho digo que o sangue que me corre nas veias é proveniente de antepassados heróicos portugueses que com bravura e audácia desvendaram novos mundos, encarando perigos e desmascarando mitos, o que na época era um grande progresso para o mundo. No aspecto de identidade individual e de grupo, considero-me um ser humano do sexo feminino com raízes em Portugal Continental (Barreiro, Moita e Alcochete), na Ilha de Porto Santo e na Ilha da Madeira, sendo estudante de comunicação, aspirando idealidades que um dia com muita energia e firmeza, vinda dos antepassados e dos progenitores, serão realizáveis.
O uso do conceito de identidade foi-se perdendo, na medida que as Ciências Sociais reconhecem a identidade como uma faceta fisiológica do ser humano apenas nos anos 80. Nesta questão encontramos várias matrizes operatórias compósitas. O discurso da identidade tem sempre um tempo e um espaço, sendo sempre um discurso que exalta o passado, na medida que por "passado" entende-se algo que vamos construindo ao longo do tempo como pessoas e como nação, portanto, se o nosso passado for algo que não ambicionamos, vamos encobri-lo. Este discurso tem também a finalidade de construir um determinado presente para garantir o futuro, sendo um discurso que dentro da área dos linguistas se define como "identidade histórico-cultural" e "identidade linguístico-cultural".
Nós reconhecemo-nos pela diferença. Criamos situações de alteridade que nos colocam no lugar do outro nas relações interpessoais, tendo o melhor relacionamento entre pessoas, o respeito sobre a opinião do outro, do seu modo de viver e do seu modo de pensar. Isto só é possível porque as identidades estão sempre em constante evolução. Para afirmar este facto podemos recorrer às palavras de Onésimo Teotónio: "a preocupação com a identidade está em regra ligada ao confronto com uma realidade exterior"; "é ao confrontar-se com outra cultura que um nacional se apercebe da diferença entre essa e aquela a que pertence".
Como exemplo da busca de identidade temos o caso de Ulisses. Ulisses, foi, nas mitologias grega e romana uma personagem da "Ilíada" a da "Odisseia" de Homero. É a personagem principal dessa última obra, e uma figura à parte na narrativa da "Guerra de Tróia". É um dos mais guerreiros astutos de toda a epopeia grega, mesmo depois da guerra quando passa de peripécia em peripécia, onde conhece modos de vida diferentes, só deseja retornar ao seu reino, Ítaca. Este 'ir de porto em porto', estando de mãos dadas com o multiculturalismo, é ir em busca duma espécie de identidade.
Pelas vozes mais consagradas da literatura, nós portugueses, somos filhos da geração que tinha medo de Portugal. Seriam deste modo os portugueses (nossos antepassados) herdeiros de Ulisses?
Após a reflexão o que se constata é que a nossa visão sobre as coisas (objectos, realidades, acontecimentos) tem que ser mais alargada. Necessitamos ir mais além do que já fomos com o intuito de nos conhecermos mais e persistindo em construir a nossa identidade, porque como diz Fernando Pessoa "falta cumprir-se Portugal"!