Translate this weblog

8 de maio de 2009

Devaneio

Para cometer uma loucura inédita, como largar tudo para duas pessoas fugirem juntas, essas duas pessoas em questão têm de estar bem cientes com quem querem fugir, não se vá lá nessa viagem descobrir quem realmente são.
Mas antes de pensarmos em fugir sempre nos suscitam dúvidas que nos metem a reflectir sobre o passado, presente e futuro.
Sempre existem aqueles momentos em que estamos na nossa casa, na nossa cadeira, em que nos sentamos e só nos vem à cabeça apenas os nossos pensamentos que só a nós pertencem e a mais ninguém, para além de nós, seres únicos. Como seria uma invasão tal se esses mesmos nossos pensamentos mais profundos se revelassem com um simples olhar intenso que faz com que o coração bata a 250km por hora. Aí, ouve-se um barulho ensurdecedor a nos entrar pelo quarto, tanta batida? Só poderão ser as batidas fortes do nosso coração a lacrimejar solicitando um pouco de confiança a outro que se encontra distante em corpo e alma, juntamente por um vazio repleto de imensas palavras em que todo o passado se encontra guardado bem lá no fundo da caixinha de recordações, parte dele não sendo digno de se permitir nesse espaço, mas, contudo, tudo o que passa fica por algum motivo: ou por algo bom que nos permitiu estar a viver algo igualmente bom, ou por algo mau que nos impediu de estar a viver algo completamente bom sem complicações.
Não poderíamos apenas fechar os olhos, imaginar o paraíso na terra, desvanecer-se nessa mesma nossa cadeira em que nos sentámos e, flutuar? Sim, flutuar no pensamento numa prancha de viagens que vão de encontro ao 'o tal'? Nesses momentos da nossa vida ficamos calados de repente, imaginando o futuro 'perfeito' que seria, mas que são impossíveis pelas recordações passadas.
Sinto-me maldisposta e completamente enojada por ao estar sentada naquela cadeira, surgirem-me na mente pensamentos que só me afirmam verdadeiramente que tenho o dom de estragar tudo o quanto agora poderia ser bonito. Mas, como tudo na vida, há ervas daninhas neste jardim da minha alma em que vivo voando, voando, voando, sonhando e respirando... ervas daninhas essas que quero cortar mas que por grandes e extensos momentos são permanentes. (Porquê? Meramente por erros fatais inconstantes.)
Chega a um ponto em que as pernas tremem, as forças esgotam-se, o corpo quase que se levita e ZÁS! Acontece o que já deveríamos ter previsto logo do início, caímos. Caímos da cadeira para o chão, chão esse que já não roda mais, que é frio e distante.
Oh meu deus, onde pairam as minhas asas? E a resposta é fácil: estão comigo, sempre estiveram. Apenas há momentos certos para as abrir e voar. Posso voar sozinha fechando os olhos e sentindo o vento e a brisa da maresia a trespassar por entre os meus cabelos, ou, posso voar acompanhada por alguém cujo simples toque me faz dispersar pelos confins do pensamento, em que possamos ver o mar juntamente de olhos fechados, interiorizarmo-nos no pensamento um do outro, todos os dias, ao nos lembrarmos de carinhos, de sorrisos, de beijos, de abraços.
Voar e sentir esta liberdade e paz tem muito mais significado acompanhada por aquele simples e elementar toque, sim, isto também é liberdade! Liberdade que me estampa um sorriso no rosto.

Contudo... Nem tudo o que é claro é simples. Nem tudo o que é passado faz parte do passado. Nem tudo o que é tudo... é tudo.