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29 de março de 2012

Política e poder


A política deve ser estudada como uma ciência, mas ela desde logo não é ciência porque é feita por homens, por cargas subjectivas e emocionais. Do ponto de vista da Grécia Antiga, quem dissesse que não gostava de política era o mesmo que dizer que não gostava de ser cidadão.
A política não se resume apenas à luta para exercer poder, para exercê-lo é preciso estratégia, comunicação, capacidade. Quando falo em poder, falo em difusão do poder na vida social, no exercício do domínio do poder com legitimidade política, previamente adquirida, e na concentração ou partilha de poder.
Quando falamos em poder na política, falamos de Estado. Logo, é a luta pelo poder, é a luta pelo Estado.
O poder pode ser definido como: ideologia, arte, ciência, actividade feita pelo Homem cuja natureza é competitiva que visa a conquista, execução e manutenção pelo poder. A manutenção do poder é uma técnica que exige algum artifício, pois implica tempo, capacidade, durabilidade e arte de governar.
Ao longo do tempo tivemos várias definições para poder. Ora vejamos algumas: Rierce “Uma guerra de interesses mascarada de princípios”, bem Rierce dá um sentido pejorativo ao poder. Já Isaac Israeli define-o como “Arte de governar a humanidade, enganando”, sabemos que o poder não é isto, mas a verdade é que também poderá ser isto. E porque não dizer-vos a definição de Platão: “Ciência de criar e educar rebanhos.” Na guerra morremos apenas uma vez, na política poderá ser mais que uma vez. Quantas vezes “morrem” certos políticos que um tempo depois renascem?
A questão temporal do poder é muito importante para o entendermos. Os cargos são definidos num limite temporal. A influência é inerente ao poder.
Ao estudarmos política deparamo-nos com algumas dificuldades. Tais como o provincianismo, notamos uma tendência de se concentrar excessivamente para estudar a democracia, fazem-se estudos muito parciais, circunstanciais. A acção política em Portugal sofre muito de provincianismo porque ainda há muita daquela mentalidade de que o que vem de fora é sempre melhor que o nosso, temos sim que ver se aquele sistema se adapta ou não à nossa realidade. Outra dificuldade é o carácter descritivo, por exemplo, a democracia descreve-se sem grande preocupação teórica. Por fim, uma outra dificuldade que também considero importante é o formalismo, há uma atenção excessiva às questões formais, a partir da década de 50 verificamos duas tendências: a análise behaviorista (que estuda a política através da perspectiva comportamental), e a análise comparativa, quando se tem de comparar normalmente partimos de um estereótipo. A tendência é partir do modelo anglo-americano e compará-lo com outros. Comparar é um método científico, mas quando comparamos temos que pôr todos os elementos no mesmo patamar.