A política deve ser estudada
como uma ciência, mas ela desde logo não é ciência porque é feita por homens,
por cargas subjectivas e emocionais. Do ponto de vista da Grécia Antiga, quem
dissesse que não gostava de política era o mesmo que dizer que não gostava de
ser cidadão.
A política não se resume apenas
à luta para exercer poder, para exercê-lo é preciso estratégia, comunicação,
capacidade. Quando falo em poder, falo em difusão do poder na vida social, no
exercício do domínio do poder com legitimidade política, previamente adquirida,
e na concentração ou partilha de poder.
Quando falamos em poder na
política, falamos de Estado. Logo, é a luta pelo poder, é a luta pelo Estado.
O poder pode ser definido
como: ideologia, arte, ciência, actividade feita pelo Homem cuja natureza é
competitiva que visa a conquista, execução e manutenção pelo poder. A
manutenção do poder é uma técnica que exige algum artifício, pois implica
tempo, capacidade, durabilidade e arte de governar.
Ao longo do tempo tivemos várias
definições para poder. Ora vejamos algumas: Rierce “Uma guerra de interesses mascarada de princípios”, bem Rierce dá um
sentido pejorativo ao poder. Já Isaac Israeli define-o como “Arte de governar a humanidade, enganando”,
sabemos que o poder não é isto, mas a verdade é que também poderá ser isto. E
porque não dizer-vos a definição de Platão: “Ciência de criar e educar rebanhos.” Na guerra morremos apenas uma
vez, na política poderá ser mais que uma vez. Quantas vezes “morrem” certos
políticos que um tempo depois renascem?
A questão temporal do
poder é muito importante para o entendermos. Os cargos são definidos num limite
temporal. A influência é inerente ao poder.
Ao estudarmos política
deparamo-nos com algumas dificuldades. Tais como o provincianismo, notamos uma
tendência de se concentrar excessivamente para estudar a democracia, fazem-se
estudos muito parciais, circunstanciais. A acção política em Portugal sofre
muito de provincianismo porque ainda há muita daquela mentalidade de que
o que vem de fora é sempre melhor que o nosso, temos sim que ver se aquele
sistema se adapta ou não à nossa realidade. Outra dificuldade é o carácter
descritivo, por exemplo, a democracia descreve-se sem grande preocupação
teórica. Por fim, uma outra dificuldade que também considero importante é o formalismo,
há uma atenção excessiva às questões formais, a partir da década de 50
verificamos duas tendências: a análise behaviorista (que estuda a política
através da perspectiva comportamental), e a análise comparativa, quando se tem de
comparar normalmente partimos de um estereótipo. A tendência é partir do modelo
anglo-americano e compará-lo com outros. Comparar é um método científico, mas
quando comparamos temos que pôr todos os elementos no mesmo patamar.