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17 de maio de 2010

Um dia a minha vida vira um livro

Vanessa Cesário
Certamente todos já pensaram que a sua própria vida poderia muito bem virar um livro. Uma comédia, um romance, um drama. Não interessa o género literário, interessa sim a ideia expressa por detrás do livro.
São tamanhas as aventuras que um ser humano passa pela sua existência que elas todas, um pouco mais elaboradas e mais detalhadas, poderiam constituir um belo livro sobre a vida, sobre o comportamento de um único ser humano, o que por sua vez, esses mesmos sentimentos expressos em cada frase, em cada letra que constituiriam o tal livro, seriam revelados com tamanha dedicação que o leitor se identificaria com as próprias palavras do autor, com os próprios actos passados que o autor exporia num livro para gritar ao mundo o que sentia.
É rara a pessoa que quando tem um sentimento/emoção por algo, ao ler uma frase num livro qualquer não se identificar com essa mesma frase. Todos nós já passámos por isso, até ouvindo letras de música que se adaptam ao nosso estado de espírito.
Há coisas que deveriam ficar escritas, tal como experiências mal formuladas que nos fazem reflectir como é que as devemos executar direito. Mas o ser humano é estúpido ao ponto de cometer sempre o mesmo erro, ou seja, de efectuar essa mesma experiência como da primeira vez, da forma errada. Talvez com mais uma oportunidade o erro deixe de ser erro e passe a ser perfeição. Após tantas peripécias envolvidas entre duas ou mais pessoas, o erro começa a ser inevitável para uma discussão. Talvez essas duas ou mais pessoas não façam o que na realidade deveriam fazer: dedicarem-se de corpo e alma para fazerem do erro perfeição. Quando apenas uma pessoa dedica-se deste modo, as discussões aumentam pelo sentimento imposto por parte de uma não ser retribuído por parte de outrem. No entanto se o ser humano às vezes não fosse estúpido e ignorante talvez conseguisse perceber o quanto as pessoas se esforçam para tornar aquele pequeno erro que faz a diferença, numa pequena perfeição.
Nenhuma relação deste mundo é complicada, as pessoas é que as complicam. Quando falo aqui de relação não me refiro só a relações amorosas, mas também familiares, profissionais e de amizade. Apenas existe algo que difere entre as pessoas intervenientes dessa relação, existem apenas pequenos actos que as pessoas fazem, intitulados como pequenos erros que as pessoas cometem, normalmente sem terem a noção que os cometeram.
Nisto tudo, há sempre alguém que escreve sobre esse assunto. Há sempre alguém que se põe na pele desse ser humano e reflecte para a escrita a dor e a mágoa que resistiu aos dias.
Mas os livros não falam só de erros entre relações, também falam sobre a felicidade que provém dessas mesmas relações. Quer em qualquer idade, sentimos sempre uma vontade de gritar o que nos vem da alma, grito esse que pode ser feito através da escrita. Ainda hoje me lembro de uma espécie de livro que intitulei como ‘O MEU GRITO’ dando voz aos meus pensamentos durante um ano, contudo não teve o efeito esperado. Muitas pessoas não gostam de ler pensamentos, outras apenas não percebem o porquê daquilo, enquanto outras não entendem nem dão a devida conotação a cada palavra escrita. Expressei cada sentimento com a alma em cada parágrafo, em cada palavra para simplesmente ter sido jogado fora quando mal foi lido pelo seu único leitor. Talvez o erro fosse meu por ter desperdiçado 8 mil palavras para alguém que nunca se importou com cada palavra que escrevia. Provavelmente se realmente conseguisse sair deste mundo de fantasia no qual me encontro, pudesse perceber que a vida real não acontece como nos filmes, tal como em “Confessions of a Shopaholic” em que a protagonista, jornalista que escreve semanalmente uma coluna para uma revista, num acto de desespero para não perder o seu grande amor, escreve algo profundo e sincero relacionado com a sua vida nos últimos tempos, fazendo com que ele quando lê a tal coluna se aperceba do que está a perder e corre ao encontro dela fazendo de tudo para não a perder de vez. Neste momento parece que a vida só é perfeita nos filmes e desenhos animados. Na realidade uma pessoa pode escrever mil e uma coisas que quase nunca move um ser humano que está disposto a não alterar a sua ideia em relação à palavra “nós”. Este “grito” difere duma expressão que quando tinha 14 anos usei no meu diário “Nunca me senti tão feliz, sinto-me nas nuvens!”; expressão esta que não consegue traduzir todo o pensamento que na altura me vinha à cabeça nem a situação que me encontrava, talvez pela idade e pela ingenuidade da altura, o que quer dizer que cada pessoa em diferentes idades possui relações que causam uma espécie de borboletas no estômago, mas que com o passar do tempo, com o passar da idade, as relações que se fazem são mais maduras e a conotação das palavras provenientes dos gritos que temos de proferir, tornam-se ainda maiores.
Em alguns momentos sentimos vontade de apagar certas coisas, começar tudo de novo. Podemos escrever o livro da nossa vida. Lê-lo, não gostar e redigi-lo de novo. Tentar ao máximo fazer com que o erro se torne perfeição. Passar momentos com insatisfação e mau humor é uma autêntica perda de tempo, não é a solução para redigir o erro.
Agora, e sempre, devo eu deixar de lado tudo o que me impede de realizar os meus sonhos hoje.
Sempre na constante busca pela felicidade.